Um Outono a impor-se
Ontem fomos "tertuliar" sob um Outono que parece querer impor-se ao Verão à força. Chuvadas batidas a vento que molham tudo e todos, a mostrar ao calor excessivo dos últimos tempos quem manda. Foi assim, a correr do carro para a Pousada da Juventude, que lá nos conseguimos juntar para falar sobre Milan Kundera e a sua "Valsa do Adeus". Todas adorámos o livro, e achamos que é impossível não se gostar de uma boa valsa, liderada por um homem que conhece os compassos e nos vai alimentando o ritmo, fazendo-nos rir com o seu humor tão peculiar, por vezes disparatado, outras vezes inteligente, mostrando-nos como um intelectual pode ser dançarino. Uma obra indiscutivelmente bem conseguida, e que revela o Kundera mais descontraído mas ao mesmo tempo enérgico, que se vai divertindo ao longo da escrita e que no final deixa escapar o seu lado mais impaciente e termina a dança repentinamente, com uma conclusão da trama mais apressada que o restante livro. Estaria ele farto de tanto rir, falando de temas sérios, ou simplesmente já lhe doíam os pés, de tanta volta ao salão. Uma coisa é certa, se nunca leram nada deste autor, aconselhamos este livro. Para nós, foi um prazer.
Ficou-nos no entanto a faltar o chazinho, o consolo do quente que nos junta ainda mais ao centro da mesa, mas que no bar da Pousada nem sempre aparece, pois raramente está a funcionar. O espaço é o ideal, amplo, com belos cadeirões, sossegado, mas o chá... os biscoitos que o acompanham... esse elemento externo que desbloqueia uma mesa... fica sempre a faltar. Com o Outono a aparecer por detrás da Serra, a tapar o sol sem piedade, se não tivermos uma xícara quente nas mãos nem conseguimos apreciar o momento na sua plenitude. Para a próxima tertúlia escolhemos um livro de um autor português, "À noite logo se vê", do Mário Zambujal e não me posso esquecer de fazer um termo de chá bem quente!
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