Meia dúzia de anos e muitas tertúlias

 


Ontem, dia 26 de março, celebrámos os seis anos de existência deste nosso grupo informal de leitoras, que desde 2017 se junta uma vez por mês para beber um chá, um café e conversar sobre os livros que se vão lendo, tendo uma obra proposta mensalmente, que serve basicamente de desculpa para o efeito. O nosso objetivo, quando decidimos formar este grupo, era só ter umas horas por mês para nos juntarmos a pessoas, que não tinham que ser necessariamente amigos ou conhecidos, mas que partilhassem do mesmo gosto, ler. Quando a leitura faz parte do dia a dia, quando se torna um hábito, um vício, é uma atividade muito pessoal, introspetiva, solitária, mas que pode ser desenvolvida e explorada para uma experiência coletiva e social, quando nos sentamos a falar sobre ela. Foi isso que quisemos criar, um local, hora e dia para esticarmos a leitura, que tantas vezes, quando é boa, é difícil de abandonar. Não nos é particularmente complicado conversar, gostamos de nos colocar em volta de uma mesa, seja ela de sala ou café, enchermos o espaço de livros variados e falar. Foi isso que ontem repetimos, pelo sexto ano consecutivo, com direito a bolo e chá da rainha (royalmente trazido de Inglaterra), de frutos vermelhos e gengibre e lúcia lima. O livro que tínhamos proposto para esta tertúlia foi um pouco malogrado, pois só metade do grupo é que o leu, por variados motivos, que as mulheres têm sempre mil e umas desculpas válidas para não conseguir ler, mas foi consensual, para quem o terminou. Uma história simples, em que as personagens, se tivessem sido mais exploradas, tinham enriquecido a trama. Não nos convenceu, mas seria injusto dizer que não gostámos de o ler, apenas compreendemos porque foi finalista dos prémios pulitzer, mas não ganhou. Estamos a tornar-nos em críticas literárias seriamente difíceis de agradar, é um facto, mas isto de PNL, no nosso caso, Plano Local de Leitura, é também um exercício de disciplina e curiosidade, pois faz-nos sair da nossa zona de conforto, ler o que não escolhemos pessoalmente, o que nos tem desenvolvido o sentido crítico! É isso que temos feito, com mais ou menos rigor, e que aprendemos a gostar muito! Olhar para uma obra, e sem medo de censuras ou represálias, dizer o que realmente sentimos. Um ato cada vez mais revolucionário, nos dias que correm, mas o que seria da vida de mulheres adultas sem uma rebeldia saudável? 

Para a próxima tertúlia, que ficou marcada para dia 23 de abril, dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor, escolhemos uma obra local, que será difícil de criticar, já que foi escrita por uma de nós. Ficaremos presas aos laços de amizade que entretanto se formaram?, Conseguiremos ser tão imparciais como normalmente acontece? Logo veremos, o que teremos a dizer sobre o "Amor e um Castelo de Xisto".



Comentários

Mensagens populares deste blogue

Um livro pequeno é sempre de desconfiar!

A aula de história e a parede

In Vino Veritas