A transconfusão!

 Ontem estivemos na Pousada da Juventude da Lousã, no bar/sala de convívio, onde aproveitámos os sofás confortáveis e o chá, que desta vez não faltou para aquecer a conversa, que por si só já não precisava de esquentamento. O livro que esteve proposto para o grupo foi um dos últimos best-sellers das livrarias nacionais, "Os sete maridos de Evelyn Hugo", que romanceia a vida de uma mulher bissexual, no meio artístico e rico de Hollywood. A trama desenvolve-se nas relações, amores e amizades que povoam sete casamentos, e tudo o que isso implica, sendo que a Evelyn ama verdadeiramente uma mulher, mas vai casando com homens, vivendo toda a espécie de relações e dramas, tudo o que de bom e mau existe num casamento, na junção amorosa de duas pessoas, sem esquecer a violência doméstica. Refletimos um pouco no facto de este livro, com uma história nada atual das relações humanas pois é passado em meados do século XX, ser tão popular entre os jovens na atualidade, e apenas conseguimos relacionar a questão com a relativa facilidade da leitura e o tema da sexualidade e as suas diferentes características. Homossexualidade, bissexualidade, e outras definições do comportamento humano na sexualidade serão sempre temas que suscitam a curiosidade de certas faixas etárias. A procura de respostas, de esclarecimentos, muitas vezes até de identificação com o que sentem são naturais a partir da puberdade, e nós, em particular, já por lá passámos, mas não deixamos de gostar de uma boa história de amor. Não foi exatamente o caso do livro em questão, que não nos contou uma bela paixão e as suas vicissitudes, mas demos por nós, a reboque do tema da sexualidade, a discutir algumas tendências atuais politicamente corretas de obrigar a sociedade a aceitar qualquer demonstração de diferença do todo. Mais que julgar o direito de minorias, ou maiorias do todo, chegamos à conclusão que será difícil aceitar movimentos que exijam inclusão, sem que esses tolerem eles mesmos tudo o resto que já existe enraizado numa sociedade ocidental. Ninguém pode gritar Respeito!, desrespeitando, e tudo o que se vai conseguindo atingir, todas as mudanças que são forçadas por pessoas seminuas a invadir um palco, a interromper uma peça de teatro, com uma mensagem deturpada e mal educada, nunca serão vitórias verdadeiras, porque nos criam repulsa com o todo que dizem representar, aquela minoria que não foi toda auscultada antes de alguém se autointitular de detentor da verdade. Abrir uma polémica a berrar obscenidades em nome de um grupo de pessoas que apenas têm em comum o facto de serem transexuais não é garantia de que todos concordem com o que é dito. A individualidade é atacada, o livre pensamento menosprezado e damos por nós a assistir a um retrocesso na liberdade. Pode ser um ponto de vista heterossexual, dirão alguns de vós, não confirmamos nem negamos, porque acima de tudo é o nosso ponto de vista, e nada mais que isso.


Para variar um pouco, escolhemos para a próxima tertúlia de dia 26 de fevereiro uma obra de uma autora portuguesa que nos tem suscitado alguma curiosidade. "Eliete" de Dulce Maria Cardoso.



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