Livros, saudades e a Anna Karenina que há em nós
Ontem finalmente, e depois de muito tempo de pausa nos nossos encontros físicos, conseguimos juntar grande parte do Lousã Book Lovers, Voltámos à esplanada do Parque Carlos Reis, um dos sítios mais agradáveis para se estar no Verão, ou simplesmente quando o tempo está de feição. Chegámos às 19h30 e só saímos já anoitecera, depois das 21h00, e porque ao outro dia tínhamos de acordar cedo, senão ficávamos por ali, a partilhar tudo o que gostamos de partilhar quando nos vemos: o que lemos, as séries a que assistimos, os blogues que seguimos, as notícias locais, as internacionais, as que nos impressionaram. Falou-se de tudo, como se quer, porque à nossa mesa os livros são importantes, mas cada uma tem a sua história e resumo, prontos a dividir com todas. Como uma obra clássica e volumosa, as nossas conversas vão andando à boleia de uma estrutura, mas divagam, filosofam, criticam, questionam, intervalando com diálogos mais ou menos leves e supérfluos, que toda a grande obra precisa de oxigénio para existir. Porque tudo pode ser equiparado a um livro bem escrito, grande ou pequeno, tudo tem um princípio, meio e fim, seja uma ideia, uma conversa de esplanada, ou uma pessoa. Seja ela, um "Meu pé de laranja lima", ou um "Anna Karenina". Umas mais fáceis de ler, outras mais retorcidas, mas todas com a mesma fórmula. Só as nossas conversas nunca dariam um livro de bolso, porque se há coisa que as mulheres não conseguem ser, é fáceis. Se é óbvio, é demasiado banal, se é rápido, sabe a pouco, se é pragmático, muito básico. Foi como nos soube o último livro a que nos propusemos ler, "A Morte de um Apicultor", de Lars Gustafsson. Rápido, nórdico e masculino. Gostámos, mas soube a pouco, mesmo sendo uma obra considerada "prima!" Diz na contracapa, está lá garantido, mas nenhuma de nós o sentiu. Faltaram páginas?, um desafio moral?, uma escolha ética?, não sabemos. Ainda estamos para descobrir o meio termo. Também tínhamos o "Jogo do Anjo" do Carlos Ruiz Zafón, como sugestão anterior, mas não gerou consenso também. O estilo meio fantástico, meio realista do espanhol não convence a maioria e ficou logo resumido a poucos minutos de conversa. Para o próximo mês, que se prevê de férias e descanso para a maioria, sugerimos "Dom Casmurro", de Machado de Assis. Damos mais uma oportunidade aos autores homens, na esperança de que nos encham a alma e que nos deem mais tema de conversa que os anteriores.
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