2º Aniversário do Grupo!


Nesta 20ª Tertúlia celebrámos o segundo aniversário deste pequeno, mas consistente grupo, que se junta uma vez por mês para falar sobre livros, entre muitas outras coisas. São dois anos e vários encontros, 20 livros até agora e muitas experiências interessantes à volta deles. No passado domingo conversámos sobre o "Evangelho Segundo Lázaro", proposto por Margarida Gomes, e que foi pela primeira vez unanimemente apreciado por todas. De facto, isto das leituras tem sempre que se lhe diga, cada pessoa gosta mais de um estilo, de um tipo de histórias, e raramente ficamos todas empolgadas e tocadas com a obra do mês. Mas o que Richard Zimler consegue com este livro é bíblico e grande. Sem nos aborrecer com narrativas para iluminados, ou com arrogância intelectual de quem sabe muito sobre muita coisa, línguas antigas, religião, vida, o Lázaro conta-nos uma história que todos conhecemos, os últimos tempos da vida de Jesus. Começamos esse Evangelho na sua própria ressuscitação, e vivemos com ele, na sua cabeça, as suas angústias e dilemas sobre Deus, a sua existência, o amor quase físico que ele sente por Jesus, pela família, pela sua arte em fazer mosaicos. Com uma sensibilidade enorme, Lázaro mostra-nos como se vivia no tempo de Jesus, como se tratavam feridas, como toda aquela gente vivia numa terra ocupada por romanos, oprimidos. Mas o que mais impressiona, e que foi textualmente dito por uma de nós, é que nunca um filme sobre a morte de Jesus conseguiu impressionar e emocionar da forma como Lázaro sobrevive à morte do seu amigo e nos conta. Escrever o sofrimento é difícil, colocar em palavras e frases a dor é tão pessoal que chegamos a pensar se o próprio autor alguma vez viveu uma dor daquelas. Quando um livro nos faz chegar as lágrimas num segundo é de mestre. Se nunca leram, recomendamos a todos, os religiosos e os ateus, porque o amor entre os homens, a amizade e a morte injusta são realidades que nos tocam a todos, seres humanos, e Jesus foi só mais um homem, mais um judeu entre tantos da época, crucificado por um crime que não cometeu, com a diferença de que talvez fosse mais amado que a maioria. 

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