18ª Tertúlia, tema para fortes!



A nossa 18ª Tertúlia deveria ter sido realizada no dia 27 de Janeiro, quando se assinala o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, data em que, em 1945, os soldados soviéticos entraram no campo de Auschwitz-Birkenau. Foi necessário adiar uma semana, e apenas nos juntámos no dia 3 de fevereiro. Tínhamos proposta para a reunião mensal a obra de J.L. Pio Abreu "Como tornar-se um doente mental" e "Mein Kampf", de Adolph Hitler, mas como a moderadora do mês não pôde estar, debruçámo-nos apenas na segunda. Ninguém a leu, para sermos sinceras. Apenas uma de nós leu a parte inicial do livro, que é um contexto histórico do autor, e chega. Quem não conhece das aulas de história toda a cronologia dos acontecimentos?, quem nunca viu a "Lista de Schindler"?, algumas de nós já visitámos campos de concentração, estivemos lá, entrámos em edifícios que um dia serviram para exterminar pessoas, chega. 
É importante não esquecer, ter sempre em mente que os homens conseguem fazer aquilo uns aos outros. O fanatismo aliado ao ódio é perigoso, e está provado que não é só lá no Médio Oriente, que nos parece tão longínquo, que as atrocidades acontecem. Hitler era austríaco e foi um político com carreira na Alemanha. O nazismo cresceu e difundiu-se em casas de pessoas culturalmente bem formadas, grande parte da sociedade alemã acreditou que a perseguição aos judeus estava correta. Possivelmente nem todos tinham noção do que acontecia às pessoas, depois de estes desaparecerem das suas casas, mas muitos encaminharam-nas para vagões, gritaram-lhes aos ouvidos para largarem as mulheres, os filhos, os maridos, os pais, os avós, e entrarem em edifícios fétidos, obrigaram-nos a despir, cortaram-lhes o cabelo rente, deram-lhes números e tatuaram-nos, levaram alguns para câmaras de gás, transportaram os seus corpos, enfiaram-nos em fornos de parede onde os incineraram, usaram outros para trabalhos, mataram muitos à fome, com violência, destruíram toda a humanidade daqueles prisioneiros. Não há registos em vídeo de polícias SS a chorar, ou comovidos com aquelas situações, todos gritam e mostram uma crueldade acima da nossa compreensão. Não podemos acreditar que todos aqueles carrascos fossem na realidade, antes do extermínio de massas, psicopatas adormecidos. Eram pessoas, como nós, que foram convencidas a ser assassinos de outros seres humanos. 
Se há alguma coisa a aprender com a história é isto, a manipulação de massas é fácil, todos os dias acontece, mas devemos, de tempos a tempos, meditar sobre as consequências de discursos populistas e inflamados, carregados de ódio e determinação. Dedos em riste a apontar o inimigo, bodes expiatórios e culpados pelos males do nosso dia-a-dia. Este é o maior perigo da sociedade, quem não demonstra um pingo de humanidade.
Mas ler o "Mein Kampf"?... não será um pouco demais? Não conseguimos, admitimos. Para o próximo mês falaremos do livro de Pio Abreu e da obra "Os livros que devoraram o meu pai". 

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